O medicamento único deve ser o grande ideal terapêutico do homeopata, mas sem jamais sobrepujar o ideal de curar seu paciente.
Temos, com relação a este assunto, duas situações:
- Em experimentos: Ele é sempre desejável nos experimentos, a fim de que o reconhecimento da ação medicamentosa possa ser atribuído a uma só substância.
O uso de mais substâncias, de uso concomitante ou alternado, sempre pode trazer dúvidas sobre qual substância agiu, atrapalhando o posterior seguimento da experiência e da análise dos resultados, a não ser que já se tenha um protocolo de tratamento prevendo estas situações.
- Na clínica: A grande discussão se dá aqui.
Para ter uma linha de discussão mais clara, deve-se dizer que a melhor clínica homeopática geralmente é feita por clínicos que entendem o ser vivo como uma unidade funcional indivisível.
Um grande argumento em favor do uso do "medicamento único" é que uma "unidade funcional indivisível" poderia ser curada por um só medicamento. Um medicamento só poderia reconduzi-lo ao caminho da saúde, algo como um guia reconduzindo um cego ao caminho correto.
Outro é que o uso de mais substâncias, de uso concomitante ou alternado, sempre poderá trazer dúvidas sobre qual substância agiu, atrapalhando o posterior seguimento do caso e as posteriores medicações, a não ser que já se tenha um protocolo de tratamento prevendo estas situações.
A contra argumentação é que um modelo deste tipo esquece que o ser vivo vive em um meio ambiente, rodeado de outros seres vivos. E que tanto seu ambiente quanto os outros seres muitas vezes são responsáveis por seu adoecer.
Será que neste quadro o medicamento único continuaria sendo plausível ou teríamos que chamá-lo de "medicamento de fundo" e não mais de "único", e usar também outros medicamentos em seu tratamento?
Tem-se o fato concreto que o estudo do ser vivo avança a passos vistos, levado por biólogos, físicos e outras áreas. E o fato de que os pesquisadores clínicos utilizam os resultados destes estudos para estabelecer como se fará intervenções terapêuticas bem-sucedidas.
Os homeopatas não podem ficar a margem deste panorama, tanto para estabelecer seus protocolos de tratamento, como para otimizar os resultados de suas intervenções terapêuticas.
Na vida real, mesmo unicistas as vezes utilizam protocolos de tratamento de organicistas, alternistas, etc.
Mas o ideal unicista continua interessante, principalmente o fato de que é saudável ao clínico nunca parar de estudar para tentar chegar à este ideal.
Se o profissional optar por seguir a Homeopatia tradicional francesa ou outra, deve procurar sempre estudar os autores que a praticam para ter embasamento teórico-prático no que faz.
Este tipo de escolha não pode encobrir a falta de aprendizagem teórica em Homeopatia.